MãoFina

Dezembro 20 2008

Por vezes, deixo-me inebriar pelos diferentes ataques e abordagens mais ou menos sólidas de diferentes detentores de ideologias partidárias. A experiência de ouvinte/leitora diz-me que as coesas são mesmo as semi-partidárias, dos que até têm um partido com que se identificam mas são inteligentes o suficiente para perceber que ter um partido é como ter uma religião: põe palas fictícias nos olhos, adultera todos os factos em detrimento da fé e como golpe final, ainda ganha dinheiro com isso.


Entre uma e outra corrente de pensamento, recordo-me dos inúmeros documentários sobre Maio de 69, em que se falava de revolução e não apenas revolta, em que se falava de múltiplas greves e não de birras à la bloquista. Hoje, e com alguma satisfação, confesso, roça-se um pouco no mesmo. Lembro-me de ter pensado nisso aquando os confrontos em Paris no ano passado, agora com os incidentes de Atenas, se por um lado confirmava uma atitude dotada de agressividade - não diria violenta pelo meu meu tão indubitável sarcasmo, por outro, fico apreensiva por saber que em território nacional nada do género se passará. Bem, já sabíamos que não haverá nenhum golpe de estado, não é verdade?


Gosto de todas as tentativas directamente contra a inércia social em que vivemos, eu sei que Portugal é um país 'fadado' e que desde sempre nos habituamos a falar mal da vida sem, no entanto, contestar. Sempre nos ouvi a falar mal do governo, sem no entanto mudar os sucessores. Sempre nos ouvi a apontar problemas, sem nunca oferecer soluções. E sim, gosto destas greves em que a minha opinião não vai de encontro à dos manifestantes, mas gosto que se ponham de pé e reivindiquem garganta fora. E sabem o que gosto mais? Gosto que o nosso Primeiro Ministro, ao contrário de todos os outros que o antecederam não mudem uma linha do que foi exigido em detrimento nas próximas eleições. Gosto do meu vizinho que após terem lhe proposto assinar um contrato com a empresa para que trabalha há 20 anos com a lei Off, ele se ter dirigido à Segurança Social, às Finanças, Sindicado e advogada para se informar dos seus direitos.


No fundo, muitos de nós deparam-se agora numa situação em que parece que estão encurralados, custa-me comparar-nos à China, ou Índia ou todos os países em que não há mais do que duas classes sociais, vai do chão ao 100º andar de um qualquer prédio espelhado no centro da cidade - e como me custa, não o farei :). Estar em crise não é estar em recessão, o país está com um pé lá, mas ainda não pôs os dois, sendo que o mais sensato, quanto a mim, será cortar o dramatismo. O pior de tudo é a falta de confiança, não se investe, não se aposta, não se tenta, quando tudo o que temos a ganhar está no quanto investimos.


Por um lado temos os ociosos parasitas do rendimento mínimo, que com um jeitinho nem votam. Por outro, há uma lista considerável de pessoas bem sucedidas a que o povo, a que de forma curriqueira, chama de 'ricos', nesse sentido, ouvimos que é preciso tirar aos 'ricos' para dar aos pobres. Gostava de saber que dever têm essas pessoas, cujo as quais possivelmente terão tido sucesso através de riscos, que é preciso correr, de alimentar seja quem for! Isso tem um nome, solidariedade, é saudável para quem tem peso de consciência e para quem não sabe que essas tretas do banco alimentar e etc, vão justamente para as famílias dos ditos 'voluntários', mas okay... fiquemo-nos pela consciência pesada. Eu gosto de pensar que o capitalismo se vai acabar com ele próprio, esta ideia não é invulgar nem tão pouco terá partido de mim, mas sinto como se fosse distante o suficiente para não a ver no horizonte. É como se vivessemos, muito de repente, como o antigo escravo, que já não é escravo porque é pago pelo seu trabalho para só pode gastar o salário na mercearia do dono, na verdade, o dinheiro que circula é sempre o mesmo e vai sempre parar às mesmas mãos.


Acho que divaguei e tornou-se impossível voltar atrás...

A Joana xxx


contra indicações: cócegas e palmadas
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